sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

metalinguísticas #1

vou ter que inventar palavra
pra isso que não é saudade
mas vive na memória
pra essa vontade
que é também distância.

porque não há palavra apropriada
pra essa mistura
de raiva e desejo
nem pra sede de te saber
mesmo sem querer.

vou ter que inventar sentido
pra nossa história vivida
sempre prestes a acontecer
uma pausa no repeat,
um tempo que não existe.

vou reinventar o dicionário
e criar nosso próprio
léxico silencioso.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

cruz-credo

que falta de fé
que me acomete
de sorriso
de simpatia

falta de permanência
essa que me assola
os pés
a mente
e o afeto

andarilha de mim
mosaico de dores
humanidade indigesta.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

fronteiriça

emaranhada nos mistérios da tua barba, inventei sorriso e palavra. fui de meninice e de pura lascívia. desvendei curvas e pintas e até fiz casa nos cantos mais bonitos do teu corpo. me enrosquei irremediavelmente nos pêlos do teu queixo

e lá permaneci,
entorpecida.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

queda

conversa fiada
essa de otimismo
só desculpa
pra ficar resignado
no seu próprio
precipício.

dúvida

se liberdade
é incompatível
com cuidado
então
escrotidão
é sina?