quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

amargo.

eu, que só tenho tido vontade de dormir,
que me escondo, cotidianamente,
atrás dos meus óculos escuros.
eu, que tenho tido paciência
só pra esperar o cigarro terminar...

não pense em me dar bom dia,
não me cumprimente no corredor,
não me peça nenhum favor,
não pense em me fazer visita.

no máximo, me mande uma poesia,
Leminski ou Hilda Hilst,
me ofereça um café,
sem açúcar.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

BNegão e os Seletores de Frequência na Ceilândia

Essa semana o Paique me passou o artigo que ele escreveu no CMI sobre o show do BNegão e Manu Chao que rolou no Arena na outra semana. Eu gostei do artigo, e certamente, teria gostado do show. E daí, ontem, domingão, o BNegão veio tocar na Ceilândia, na Praça do Trabalhador, entrada gratuita.

A minha impressão foi que toda a galera alternativa da Ceilândia, (a mesma galera que eu não vejo quando vou na padaria, ou no mercado, ou quando eu pego ônibus), saiu da toca e foi direto assistir ao show que teve outras atrações, incluindo Casa de Farinha.

Encontrei mais gente conhecida do que eu esperava. Gente com quem eu tinha estudado no ensino médio e nunca mais tinha visto, encontrei vizinha, e muita gente que eu conhecia só de vista. Encontrei gente que tinha ido a pé de Taguatinga, gente do Invenção Brasileira e gente do Movimento Feminista. Reencontrei muitas pessoas queridas, e a maioria não sabia como ia voltar pra casa, inclusive eu. Ah, e Paique tava lá também.

Enxugando Gelo é um cd muito bom e dá pra ouvir aqui. Além das músicas do cd, BNegão tocou Tim Maia Racional e ainda Câmbio Negro (banda de rap que surgiu na Ceilândia, em 1990). Além do show na Ceilândia, BNegão e os Seletores de Frequência se apresentaram também no Gama e em Sobradinho pelo projeto Férias com Arte. Mas, antes BNegão tocou no O'Rilley (se não me engano) e no Arena, e deve estar tocando agora lá no Calaf.

Acabei voltando pra casa com um cara que eu tinha acabado de conhecer, amigo-de-amigo. Eu gostei bastante do show, e não só porque era o BNegão e eles têm um som muito bom, mas, sobretudo, porque era na Ceilândia. O diálogo é outro, bróder.

Meus amigos plano-pilotenses que me perdoem, mas, a periferia é aqui. Até o caroço.

sábado, 26 de janeiro de 2008

era tanto riso solto
era carinho transbordando
era história, mito e fantasia.

sim, ainda é mito.

era romance entre opostos,
vizinhos, amigos e amantes.
era coisa de poeta louco,
de românticos pós-modernos.

era o que se sentia,
e ali,
além,
sempre,
ao lado.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

tu não te moves de ti





eu quero Hilda ao pé do ouvido.

quero ouvi-la de olhos vendados,

enquanto mastigo morangos,

enquanto você me mastiga.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

quarta-feira de chuva.
centro de taguatinga,
quase 9 da noite.
ponto de ônibus.
longe das pessoas,
cigarro aceso.

ex que aparece por coincidência.
à espera do mesmo ônibus.
ônibus que não vem.

memórias, surpresas, risadas,
porquês, porquês, porquês.

mais uma noite de insônia.
sabe-se que é um bom sujeito
porque não nega as crises que tem.
mesmo que em silêncio.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

esquecer-se.
anular o ontem.
obcecar-se pelo amanhã.

fazer do hoje
o outro
o outro
o outro.
este, por quem
perde-se todos
os limites.

diluir-se nesse
que te orgulhas chamar
de teu.

e há quem diga que
isso é amor.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

é que ela me pegou de jeito:
logo enfiou sua perna
entre as minhas.

e entre um carinho
e uma mordida,
seu piercing enganchava
no meu.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

é solidão, meu bem,
isso que chama de amor.
pura lascívia,
essa coisa de traição.
se era de respostas
a minha sede,
matei.
agora que já as sei,
todas ruins,
preciso de perguntas novas.