segunda-feira, 30 de junho de 2008

sob os lençóis,
o desejo era que
fossem tuas as mãos
que percorriam meu corpo.



[é preciso acabar de vez com essa vontade descabida]

quinta-feira, 26 de junho de 2008

para se jogar fora

nesse seu vai-e-vem,
você vem e inventa saudade,
fala de ternura e de tesão.
coloca poesia nas entrelinhas,
charme no desconhecido,
monta e desmonta minha confusão.

desenha memórias com palavras.
tão fluidas.
tão doces e ásperas.

confessa desejo
e me tira o fôlego perguntando
"você também?"

pois que agora
eu quero a verdade
dos corpos entrelaçados
e as promessas despedaçadas.

eu quero confissões noite adentro.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

nos versos de outra

me explico,
me confundo,
me confesso
nas palavras de outra.

porque Hilda fala por mim.
(e comigo)

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e por que haverias de querer minha alma
na tua cama?
disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
obscenas, porque era assim que gostávamos.
mas não menti gozo prazer lascívia
nem omiti que a alma está além, buscando
aquele Outro. e te repito: por que haverias
de querer minha alma na tua cama?
jubila-te da memória de coitos e de acertos.
ou tenta-me de novo. obriga-me.

slow like honey

you moved like honey in my dream last night
yeah, some old fires were burning

terça-feira, 17 de junho de 2008

terça de outono-inverno

passar tanto tempo no ônibus vale mais a pena quando se tem um fone de ouvido para oscilar entre rockzinhos e baladas.
.
a cidade amanheceu coberta de neblina,
e eu me lembrei como gosto do cinza.
talvez porque, do surgir por entre os tons de cinza, as cores me parecem tão mais vivas.
o verde da casa modesta no meio do nada.
o amarelo dos ipês da asa sul e o rosa dos ipês da esplanada.
o roxo da janela no alto do prédio.
e o vermelho das unhas, da bolsa e do sapato.
.
talvez, da mesma forma, eu prefiro ser lida nas entrelinhas, sem confissões escancaradas.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

da próxima vez,
eu calo.
e sobrarão
só os sorrisos
em desconcerto.
da próxima vez,
eu fico com o
eu vou
e não
eu posso?

e quero ver
você escapar
em timidez.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

vontade de sentar no balcão de um bar com barulho suficiente pra ouvir os goles do destilado no meu copo.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

do que me cansa

pra quê tanta mágoa?
tanta coisa pequena de gente que a gente nem sabe.
pra quê tanto recado mal dado e espinhos insistentes?
é tanto sorriso que transborda só pela tristeza alheia...
essa coisa de jogar na cara, de se fazer melhor, de ser inveja e ego.
pra quê?
.
de tanta vaidade descabida,
dores escondidas,
felicidade fingida,
vai acabar restando nada.
.
vai ver é que de tanta indiferença, já me falta entendimento.
tudo bem.
acendo meu cigarro, peço meu expresso e faço de conta que a espera é breve.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

de uma previsibilidade
quase patética.

o tédio te diverte?
não me confunda
com a banalidade
que te faz.
você, que não cabe
na minha pele.

.
.
.

pois que sou isso
que ninguém sabe
a acidez intragável
a visão indigesta

quinta-feira, 5 de junho de 2008

por junho

posse intemporal

fazer amor contigo
não é espelhar teu corpo nu
no vítreo do meu espaço
não é sentir-me possuída
ou possuir-te

é ir buscar-te
ao abismo de milênios de existência
e trazer-te livre.

manuela amaral
e quando junho vem
o que me arrepia
não é o vento frio
da cidade sem esquinas,
é a lembrança de você.

terça-feira, 3 de junho de 2008

me deixa te ser crise, liberdade e tesão?
me deixa fazer bagunça aí dentro?
me deixa caber no seu carinho?