contratempo

Essa coisa de futuro é puro delírio. Isso de mergulhar planejar querer sonhar é coisa de quem não cabe em si, de quem alucina na grandeza do irreal. Vê encanto nos fluxos da vida, nas sintonias e eletricidades de tudo que se move. É coisa de quem sente encanto.

É também martírio.
E é verdugo.
E dilacera.

untitled

I've been writing letters I won't send
Imagining words I won't confess
Making plans for dreams that won't work.

All I wanted was some peace of mind
Wrapped up in some charming chaos.

sobre a lentidão das horas imaginárias

desconhecer a cidade
com olhos tesos
no canto dos teus lábios.

perder e reinventar os sentidos
com palavras sussurradas
ao pé do ouvido.

derreter na ponta dos teus dedos
e ainda ser pele e pêlos.

tatear os caminhos do teu cheiro,
lamber teu léxico,
aportar no teu desconhecido.

torpor

desapego,
ela dizia.
de sonhos e desejos.

não sobrou
nada,
além do medo.

imaginariamente #2

O olhar que fitava a estrada tentava reconstruir o encontro inusitado de peles. Mal sabia que num espaço feérico desconhecido, suas memórias já se esbarravam. E seus corpos dançavam quanticamente.

desencontro

quis a lentidão
de uma cidade do interior.
mas até as marés
sucumbiram
à surpresa daquele encontro.
descompasso das horas,
a noite me engoliu.

sintomáticas

e quando canta com Corinne,
sorriso de canto estampado no rosto,
don't say that i'm falling in love,
ela sabe que já caiu.

inventando vestígios

recriar os traços do teu rosto,
o som da tua voz,
a textura dos lábios
não é tarefa fácil.

parece mais feitiçaria
de memória afetiva,
corrompida pela doçura
das poucas horas
de um encontro feérico.

disritmia

transbordar em versos
pra não faltar
compasso

sonhar confissões
pra acordar
sorriso

desejar pele
pra matar
a sede.