sexta-feira, 20 de junho de 2008

nos versos de outra

me explico,
me confundo,
me confesso
nas palavras de outra.

porque Hilda fala por mim.
(e comigo)

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e por que haverias de querer minha alma
na tua cama?
disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
obscenas, porque era assim que gostávamos.
mas não menti gozo prazer lascívia
nem omiti que a alma está além, buscando
aquele Outro. e te repito: por que haverias
de querer minha alma na tua cama?
jubila-te da memória de coitos e de acertos.
ou tenta-me de novo. obriga-me.

3 comentários:

Jaqueline Lima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaqueline Lima disse...

O melhor da poesia é aquela que fala por um, ou melhor, dois. Ou três, quatro...
De versos, ela se consolida, eterniza. Já não seria de Hilda somente: é seu e, dos tocados por ela.
Há muito tempo usei versos e citações dos meus poetas preferidos no momento em que, só poderia dizer através deles exatamente. Isso não é adorar ídolos, tampouco quebrá-los e, sim, juntar-se a eles.

angelica duarte disse...

seria deveras difícil pra mim definir o melhor da poesia...
mas, sem dúvida, o diálogo com e entre versos é muito gostoso.

e só não chamaria meus poetas preferidos de ídolos... melhor seria dizer "companheiros".
juntar-se à eles é, para mim, não só pegar palavras emprestadas, mas, também desapropriá-las, transitar entre sentimentos e discursos, sempre livremente.