terça-feira, 23 de agosto de 2011

quando a madrugada invade

Cazuza entrava pela janela, bêbado e confesso: adoro um amor inventado. vinha do apartamento ao lado, de luzes acesas e névoa de cigarro. se debruçou pela janela, sentiu a chuva fina: as cores no asfalto molhado eram revigorantes. mas eu nunca mais vou respirar não revigorava. no bar da esquina, ébrios amontoados sob a marquise. a boêmia falava alto. lembrou da cidade-deserto, das ruas sem esquinas, dele, de mãos dadas. quis esquecer. pra mim é tudo ou nunca mais.