de Passiflora para Centauro
E quando penso naquela noite, duas coisas me intrigam insistentemente: o porquê da sua partida tão repentina e o porquê do meu silêncio e incapacidade de pedir que você ficasse.
Havia encanto ali
O verão se preparava ainda
Mas o calor já judiava
Eu, inebriada de felicidade, flutuava pelos espaços da casa, dançando ao som de qualquer melodia. Tinha sede de possibilidade e doía o maxilar de tanto sorrir. Você, íntegro e altivo, acompanhado da sua garrafa de grappa, parecia inatingível e sóbrio. Salvo os discretos sorrisos (quase) escondidos pela barba.
Primeiro, ouvi tua voz tão nítida
Só depois,
Vi teus olhos de oceano
Meus lábios de ervas
Os teus, de uva
Sob o azul do céu
(Do mar, da noite)
O que se via eram dois
Mas éramos um só
Dançando
Sob o tilintar da sintonia
Eu sei, Centauro, teu ímpeto de razão era humano. E o que quer que pulsasse em você recuou e deu lugar à sensatez. Se despediu e foi embora. Passiflora, resignada, silenciou e assistiu a noite te engolir.
Meu ímpeto
(Tão humano também)
É o de preferir
O delírio à razão.
Não recue agora
Deixe pulsar
Fique.
2 comentários:
(...)
Ainda sem palavras, querida.
Ainda em busca do tom e de mim.
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